Maria Veleda é o pseudónimo de Maria Carolina Frederico Crispin.
A escolha do pseudónimo Veleda dever-se-á seguramente à influência exercida pela leitura de “Les Martyres”, Livro IX da obra “Le Génie du Christianisme” de Chateaubriand. Se para a História, Veleda foi uma sacerdotisa germânica que apoiou a revolta batava contra o Império Romano, sendo aprisionada e levada para Roma onde morreu cativa,[1]para Chateaubriand, ela foi a heroína romântica que resistiu e condenou a romanização da Gália, pela sujeição que levou ao desaparecimento das tradições culturais e leis gaulesas.
A descrição poética da sacerdotisa de Teutatés e do ambiente maravilhoso das florestas druídicas da Gália, assim como os argumentos utilizados no seu discurso para criticar a submissão ao domínio romano, a paixão fatídica entre Veleda e Eudoro, o general romano e governador da Armórica que levou aquela ao suicidio perante o seu povo, terão agradado ao espírito romântico de Maria Veleda. A insubmissão da sacerdotisa ao poder do Império e a defesa das leis antigas gaulesas que atribuiam poderes civis e políticos a um conselho supremo de mulheres, terá sido a referência histórica e literária para a escolha do pseudónimo, o que indicia uma precoce simpatia e adesão às ideias precursoras da emancipação feminina.
Memórias de Maria Veleda. Introdução e Notas de Natividade Monteiro, Leiria, Imagens & Letras, 2011.
[1] Tácito, na obra “Germânia” refere-se a Veleda nos seguintes termos: “Vimos sob o divino Vespasiano, Veleda, por muito tempo tida, junto de muitos, no lugar de divindidade”.
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